23 novembro 2006

Cientistas preconizam medidas para evitar doenças pela poluição química

Cientistas, médicos e ecologistas reunidos quinta-feira na sede da UNESCO, em Paris, apresentaram 164 medidas para evitar cancros e outras doenças causadas pela poluição química, de modo a preservar a saúde das gerações futuras.

As medidas, contidas num memorando elaborado por 68 peritos internacionais, serão apresentadas aos governos dos estados-membros da União Europeia, ao Conselho da Europa e ao Parlamento Europeu, que em Dezembro procederá à análise final do projecto "REACH", sobre o controlo de substâncias químicas na UE.

A retirada do mercado de substâncias químicas cancerígenas, mutagénicas e tóxicas para a reprodução, como o formaldeído, certos ftalatos (DEHP), o bifenol A, o cádmio e o mercúrio, bem como os seus derivados, constam dessas 164 recomendações formuladas no Memorando do Apelo de Paris.

O "Apelo de Paris", lançado em Maio de 2004 por 76 personalidades para combater a poluição química, recebeu desde então o apoio de um milhar de cientistas, de 250.000 outras pessoas e de numerosos organismos, entre os quais o Comité Permanente dos Médicos Europeus, assinalou o oncologista Dominique Belpomme, promotor da iniciativa.

Tanto ele como outros participantes neste colóquio organizado na UNESCO pela Associação para a Investigação Terapêutica Anticancerosa (ARTAC) defenderam a adaptação das normas toxicológicas ao embrião e às crianças.

Pesticidas, solventes e outros produtos químicos poderão estar na origem de perturbações neurológicas em milhões de crianças em todo o mundo, de acordo com um estudo publicado esta semana pela revista médica britânica "The Lancet".

A exposição fetal aos pesticidas pode provocar malformações sexuais, perturbações da fertilidade e mesmo favorecer a diabetes e outras afecções endócrinas na idade adulta, segundo o professor Charles Sultan.


Fonte: Agência LUSA