19 outubro 2006

Campanha "Nós Podemos. 8 Maneiras de Mudar o Mundo" - Entrevista

ODM: A UrbÁfrica assume em Portugal a campanha internacional “Nós Podemos. 8 Maneiras de Mudar o Mundo.”
Em que outros países está esta campanha a ser desenvolvida?
Expliquem-nos o contexto desta campanha (em Portugal) e os motivos que levaram a UrbÁfrica a assumir esta responsabilidade.

Alda Moreira e Princesa Peixoto – UrbÁfrica (UA): A campanha “Nós Podemos. 8 Maneiras de Mudar o Mundo” foi concebida gratuitamente pela McCann Erickson para o movimento “Nós Podemos”. Esta campanha ganhou um espaço significativo no mundo porque a sua utilização é livre de quaisquer encargos, desde que se destine a divulgar os ODM, não podendo de forma alguma ser utilizada comercialmente.

Por este motivo, muitas vezes, a informação acerca dos países que utilizam a campanha não é recolhida de forma oficial. Esta campanha está a ser desenvolvida por dezenas de países em todo o mundo, estando, no entanto, registada oficialmente em Portugal (através do nosso projecto), Brasil, Itália, Albânia, Guianas, Turquia, Argentina, Bolívia, Quénia e Moçambique. Os ícones são utilizados também no site ONU para jovens.

Com o presente projecto, a Urbáfrica tem como principal objectivo sensibilizar e mobilizar a sociedade civil portuguesa para uma nova visão e dimensão da cooperação para o desenvolvimento, de acordo com os ODM. Pretende também fomentar uma mudança de valores e comportamentos no âmbito da cidadania, solidariedade e participação social no espaço público português.

Desejamos uma maior adesão de Portugal ao movimento global que surgiu com a Declaração do Milénio e, nesse sentido, considerámos primordial dar a conhecer os 8 ODM. Só através desse conhecimento é que nos poderemos questionar acerca da sua importância, concretização e implicações.

Consideramos, para esse efeito, a campanha do movimento “Nós Podemos” uma campanha eficaz, de forte impacto e muito clara ao nível do reconhecimento dos 8 ODM, através de ícones de leitura e identificação imediata. Agradou-nos também a ideia de ser uma campanha internacional, que partilha os mesmos ícones com diversos países.

A responsabilidade que assumimos também é partilhada. Todos os intervenientes no projecto “Metas 2015: Responsabilidade Social” podem colaborar connosco utilizando o material gráfico da campanha “Nós Podemos”. Procuramos também parceiros para o desenvolvimento da campanha, para que, desta forma, possamos atingir um número crescente de pessoas.

ODM: Quais são os objectivos específicos da campanha portuguesa?

UA:
Dar a conhecer à sociedade civil portuguesa em geral os ODM; l
ançar em Portugal a campanha “Nós Podemos. 8 Maneiras de Mudar o Mundo” com o Movimento “Nós Podemos”, PNUD, McCann Eriksson, Câmara Municipal de Lisboa, Câmara Municipal de Guimarães e Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD); e desenvolver uma campanha de formação em Lisboa e Guimarães, com uma forte componente de comunicação publicitária.

A campanha será lançada para um universo estimado de: em Lisboa, cerca de 550.000 pessoas; em Guimarães, cerca de 150.000 pessoas; no resto do país, cerca de 70.000 / 80.000 pessoas.

ODM: Que acções já desenvolveram, estão a desenvolver e pensam desenvolver?

UA:
Em Abril de 2006, iniciámos acções de formação, com uma campanha através de mailing, cartazes de interior, distribuição de folhetos e postais, divulgação em sites de referência e notas de imprensa. Em Agosto de 2006, desenvolvemos uma divulgação publicitária da campanha “Nós Podemos” nos mupis da cidade de Lisboa. Actualmente, com a parceria de algumas empresas e autarquias, preparamos a campanha publicitária de Outubro / Novembro.

Em Fevereiro de 2007, organizaremos a “Semana dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”.

Acreditamos que o blog e a newsletter OITO DESAFIOS AO MUNDO terão também um papel essencial na divulgação da campanha “Nós Podemos”.

ODM: Acham que os ODM contemplam todas as necessidades de Desenvolvimento?


UA:
Não, os ODM representam um compromisso que deve ser assumido de forma dinâmica, em construção. Nesse sentido, as Nações Unidas sugeriram recentemente a inclusão de quatro novas metas (uma delas ampliando outra já existente) nos ODM
: a universalização do trabalho digno, o acesso à saúde reprodutiva, o acesso ao tratamento da SIDA e a redução significativa da perda da biodiversidade.

ODM: Quais os resultados obtidos, até à presente data, na prossecução dos ODM?

UA:
Estamos com certeza atrasados no cumprimento dos ODM, mas grande parte do mundo já está no caminho certo.

Sabemos que a desigualdade é factor de subdesenvolvimento e que o fosso entre os ricos e os pobres tem aumentado. Contudo, sabemos também que, desde 1990, 130 milhões de pessoas saíram da pobreza extrema, há menos 2 milhões de mortes de crianças por ano, há mais 30 milhões de crianças nas escolas e 1200 milhões de pessoas já têm acesso a água potável.

Os recursos necessários para atingirmos os ODM estão dentro das capacidades dos países mais ricos do mundo. Contudo, apenas 5 países (Dinamarca, Luxemburgo, Holanda, Noruega e Suécia) alcançaram as metas que aceitaram cumprir: fornecer 0,7% do PIB à Ajuda Pública ao Desenvolvimento.

ODM: Qual o papel de Portugal nos ODM?

UA:
Portugal esteve presente na Cimeira do Milénio em 2000, tendo assumido o compromisso do milénio. Contudo, só em Junho de 2006 aprovou, em Conselho de Ministros, a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável com o horizonte de 2015, consagrando uma perspectiva de cidadania alargada e aprofundada na concretização dos vectores chaves da Estratégia de Lisboa (o crescimento e o emprego). Portugal pretende assim elevar o seu Índice de Desenvolvimento Humano, que sofreu retrocessos recentes.

Na Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável está previsto, no âmbito dos ODM, por exemplo, atingir, até 2015, 0,7% do PIB dedicado à Ajuda Pública ao Desenvolvimento.

ODM: Consideram os ODM atingíveis?

UA:
Provavelmente, pela primeira vez na história da Humanidade, o Mundo dispõe de condições e conhecimento que possibilitarão o fim da pobreza extrema.

É possível através de ideias simples, com metas e indicadores concretos, e de uma forma até bastante “barata”, caminharmos para um outro futuro, com os ODM. De acordo com Evelyn Herfkens (coordenadora executiva da campanha dos ODM na ONU), se todas as partes cumprirem os compromissos que assumiram na Cimeira do Milénio em 2000, para combater a pobreza no Mundo, ainda será possível alcançar os ODM até 2015.

O último relatório sobre o Desenvolvimento Humano de 2005 das Nações Unidas revela dados pouco animadores no cumprimento dos ODM, devido, em grande parte, a uma parcela insuficiente da Ajuda Pública ao Desenvolvimento e a regras comerciais injustas.

Há no entanto uma certeza: é preponderante o papel da sociedade civil e das ONGDs na concretização dos ODM.

1 Comments:

At 9:21 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Após leitura da entrevista dada pela Urbafrica fiquei extremamente satisfeito o mérito de trazer para a sociedade portuguesa esta temática de fundamental importância para o rumo acertado da Humanidade e em particular de todos nós.

Muitas felicidades para o vosso trabalho

Pedro Vasconcelos

 

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