26 fevereiro 2007

África do Sul ajuda vítimas das inundações de Moçambique

A África do Sul prometeu pôr à disposição de Moçambique helicópteros para ajudar as vítimas das inundações do vale do Zambeze, indicou a agência noticiosa moçambicana (AIM).

Uma delegação sul-africana liderada pelo ministro do Governo Provincial e Local, Fholisani Mufamadi, deslocou-se sexta-feira passada a Maputo onde abordou com a primeira-ministra moçambicana, Luisa Diogo, as cheias e o ciclone Flávio que fustigou quinta-feira as províncias de Inhambane e Sofala.

Diogo lembrou depois aos jornalistas que a África do Sul ajudou Moçambique no passado por ocasião das catástrofes naturais anteriores e que "não é surpresa" ver hoje os sul-africanos virem em sua ajuda.

"Estamos confiantes que a solidariedade sul-africana vai continuar", declarou, acrescentando que "as operações de socorro correm bem, mas necessitamos de alojar as vítimas".

"Queremos atacar, entre outros, a instalação das tendas, latrinas e o abastecimento de água", declarou.

De acordo com o Instituto Nacional de Gestão das Catástrofes de Moçambique, cerca de 140 mil pessoas foram deslocadas das zonas de riscos na bacia do Zambeze.

Pelo menos 10 pessoas morreram quinta-feira passada após a passagem do ciclone Flávio, enquanto inundações súbitas fizeram mais de 20 óbitos.


Fonte: www.panapress.com - 25-02-2007

25 fevereiro 2007

Quem mata mais em Angola?

Quase cinco anos após o estabelecimento da paz em Angola, depois de quatro décadas de guerra que custaram um milhão de vidas, os novos assassinos do país são a cólera, a malária e a SIDA.

Só na segunda semana de Fevereiro houve 111 mortes provocadas pela cólera, a adicionar às 3.017 entre os 76.823 casos detectados desde o surto da doença em Fevereiro de 2006. Notou-se um aumento nos casos a partir do meio de Outubro do ano passado, quando se iniciou a época de chuvas.

A cólera consiste numa infecção intestinal causada por uma bactéria, que pode ser contraída através do consumo de água ou comida contaminada. Não existe vacina para esta doença e os medicamentos preventivos não garantem protecção total. Em Angola, esta doença fatal (com um índice de mortalidade entre os 15% e os 30%) é o motivo de 35% das consultas e representa 20% das admissões hospitalares.

O governo angolano garante que a epidemia da cólera está sob controlo e que a ajuda que tem recebido da Organização Mundial de Saúde é suficiente.

Apesar de, segundo os dados do governo angolano, a malária ser a principal causa de morte no território, de acordo com o Instituto de Higiene e Medicina Tropical (Universidade Nova de Lisboa) este lugar de destaque já foi ocupado pela SIDA, suportando o que parece ser a opinião de muitos outros especialistas.

Excertos do texto escrito por
Mário de Queiroz.

23 fevereiro 2007

“TRADE AND EMPLOYMENT: CHALLENGES AND RESEARCH”, Estudo realizado em parceria pela OIT e OMC

Foi lançado recentemente um estudo sobre a relação entre o comércio e o emprego, resultado de uma pesquisa realizada em parceria pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e pela OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Este estudo fornece com um elevado grau de confiança, tudo sobre o relacionamento entre o comércio e o emprego, um tema bastante controverso ao nível do debate público.

O seu principal objectivo passa pela análise das conexões entre as políticas de comércio, as políticas do trabalho e as políticas sociais.

Trata-se de um estudo que será do interesse de todos os cidadão, e especialmente daqueles que estão envolvidos neste debate: decisores políticos, uniões de comércio e empregadores, bem como economistas do mercado de comércio e outros investigadores.

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21 fevereiro 2007

Cheias em Moçambique... O cenário repete-se

A Comissão Europeia decidiu enviar 2 milhões de euros de ajuda de emergência para Moçambique com o objectivo de apoiar as vítimas das recentes cheias provocadas pelas chuvas torrenciais que atingiram quatro países da África austral.
Dezenas de pessoas morreram, milhares ficaram sem abrigo e as culturas foram claramente danificadas. A zona mais afectada, em Moçambique, foi a bacia do rio Zambeze, no centro do país, onde 60 mil pessoas foram evacuadas e cerca de 100 mil estão em situação de risco.
No terreno, encontra-se já um técnico da ECHO (Oficina de Ajuda Humanitária da Comissão Europeia) que irá avaliar a situação da população e fará a ligação com os diversos organismos de ajuda disponíveis.
A preocupação da Comissão é de garantir que as pessoas sejam reinstaladas em zonas mais seguras e que tenham acesso a água potável e a cuidados de saúde básicos.


http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=IP/07/186&format=HTML&aged=
0&language&guiLanguage=fr

19 fevereiro 2007

FAO alerta para defíces de água até 2025

Dois terços dos habitantes do mundo, ou seja cinco biliões e 300 milhões de pessoas, dos cerca de oito biliões de habitantes do planeta, podem enfrentar defíces de água até 2025, alertou a Organização Mundial das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). "Presentemente, um bilião e 100 milhões de pessoas não têm acesso à água potável para satisfazer as suas necessidades diárias. Até 2025, um bilião e 800 milhões estarão a viver em áreas confrontadas com uma crise severa de água", de acordo com um comunicado da FAO. "A água tem um impacto importante sobre a capacidade das pessoas do mundo inteiro de melhorar as suas vidas", disse Pasquale Steduto, chefe da Unidade de Gestão e Desenvolvimento Hidraúlico da FAO, citado na nota. Lamentou que, em várias regiões, os fazendeiros que tentam produzir alimentos enfrentem desafios de seca repetitiva e de busca de água. Steduto afirmou que o uso sustentável e eficiente do líquido precioso se tornou num desafio principal para resolver a crise iminente, acrescentando que "o uso da água no século passado aumentou para mais de duplo da taxa da população". "Dos cerca de 70 por cento da água tirada dos lagos, a água do lençol freático dedicada à agricultura, para melhorar técnicas agrícolas, é necessária para resolver os problemas de seca", sublinhou. Entre outros métodos, a FAO recomenda o aproveitamento das águas de chuva para uso nas fazendas, a redução de perda de água dos sistemas de irrigação e o aumento da produtividade.

Fonte:
www.panapress.com - 18-02-07

16 fevereiro 2007

Al Gore em Lisboa

No passado dia 8 de Fevereiro, Albert Arnold Gore falou de “Uma verdade inconveniente: o problema das alterações climáticas” numa conferência no Museu da Electricidade. O antigo Vice-Presidente dos EUA, da administração George Clinton, e antigo candidato para ao lugar do Presidente contra George Bush, já deu esta palestra no mundo inteiro e produziu também um livro e um documentário com o mesmo título. O seu esforço para fazer a diferença já lhe valeu a nomeação para o Prémio Nobel da Paz 2007 e poderá também trazer-lhe um Óscar.

Quem perdeu a possibilidade de assistir à sua palestra terá uma segunda oportunidade nos próximos dias 7 e 8 de Março, proporcionada pelo 3.º Forúm do Comércio Moderno. A quem teve a oportunidade de assistir, gostaríamos de convidar a partilhar as suas impressões connosco: por favor enviem-nos comentários, opiniões, críticas e tudo que interesse!

Comissão Europeia critica Portugal por Discriminação

A polícia portuguesa diz não ter problemas com os ciganos. Estes queixam-se de problemas "graves". Foi esta dualidade de perspectivas que chocou a Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (CERI). E depois de ouvir os relatos de discriminação racial da minoria, concluiu que a comunidade continua a ser vítima de preconceitos racistas. E o pior é que se apresentar queixa tem poucas hipóteses de que se faça justiça, "já que os juízes não estão sensibilizados" para os problemas do racismo.

"Os ciganos contaram-nos coisas graves e que não devem existir em países democráticos, nomeadamente em Portugal", afirmou Marc Leyenberger, o membro da CERI que se deslocou a Lisboa para apresentar o
relatório sobre a situação portuguesa. Hoje será divulgada a totalidade do estudo e que inclui mais quatro países além de Portugal: Arménia, Geórgia, Eslovénia e Islândia.

Marc Leyenberger referiu "ser excessivo dizer que nada foi feito em relação à comunidade desde 2002 [ano do último relatório], mas pouco se evoluiu". Diz que os ciganos sofrem discriminação por parte da população, dos agentes policiais, dos poderes e da comunicação social.

Existem entre 40 mil e 50 mil ciganos em Portugal e, segundo a CERI, "a maioria deles está confrontada com uma situação difícil" e "que conduz a uma marginalização e mesmo a uma exclusão social". A dificuldade em encontrar alojamento e trabalho e o insucesso escolar são os principais problemas.


Rui Marques, Alto Comissário para as Minorias Étnicas, ouviu a crítica e sublinhou que a análise tem "limitações", argumentando: "É uma leitura incompleta porque não tem em conta a vontade e o esforço de integração das comunidades ciganas."

Ao DN, Marc Leyenberger, disse que o facto de a comunidade ter uma "cultura diferente, não deve impedir que se procurem medidas para a integrar", nomeadamente adequando a formação profissional aos seus interesses. Sensibilizou-o uma visita que fez, em Abril, a um acampamento cigano em Portugal afastado da cidade e que nem tinha água, concluindo que a situação portuguesa é pior do que nos outros países.

O relatório europeu regista os poucos processos judiciais e condenações sobre queixas de racismo e intolerância, o que considera ser o reflexo dos preconceitos que existem em Portugal contra os imigrantes e as minorias. Leyenberger acrescenta que as autoridades policiais e judiciais "não estão sensibilizadas para o carácter racista das infracções", sublinhando que a "formação e a educação" são as palavras-chave para combater o fenómeno.

A Comissão recomenda às "autoridades portuguesas que reforcem significativamente os esforços de formação da polícia, dos procuradores, dos juízes e dos futuros profissionais de justiça, no que diz respeito à aplicação da legislação relativa a infracções racistas e nomeadamente o artigo 240.º do Código Penal".

O número de estrangeiros em situação irregular no País, cerca de 200 mil, também merece reprovação. "Estas pessoas são particularmente vulneráveis à exploração face a empregadores pouco escrupulosos", alerta, defendendo que o Governo deve esforçar-se "para conceder vistos de trabalho e autorizações de residência" a estas pessoas.

A Comissão refere ainda que todas as queixas de estrangeiros recebidas pelo Provedor de Justiça dizem "respeito a demoras em processos conduzidos pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, sublinhando que são necessários progressos na gestão de atrasos e do acolhimento destas populações.

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14 fevereiro 2007

Multiculturalismo e Interculturalidade

Nos últimos séculos assistiu-se a mudanças sem precedentes ao nível das migrações internacionais. As populações migram para melhorar a qualidade de vida, para fugir da guerra, de uma crise económica, da pobreza, da perseguição política, da seca e de outros cataclismos naturais. Migram para conseguir emprego, para estudar, para ter acesso a um sistema de saúde, etc,….
Os movimentos migratórios são mais intensos nas zonas com mais desigualdades regionais, naqueles onde áreas muito ricas dividem o espaço com outras muito pobres (por exemplo, EUA e México). Ocorrem também entre países que apresentam níveis de desenvolvimento muito díspares (por exemplo, Africa e Europa).
Contudo, não se pode fazer uma leitura de multiculturalismo apenas apoiada nas questões migratórias. Há também a questão das minorias nacionais que é um exemplo de que nacionais do mesmo país podem não conseguir viver num contexto multicultural de respeito e tolerância:
Por razões históricas e territoriais, o povo albanês encontra-se dividido por diversos Estados da ex-Jugoslávia mas foi no Kosovo que as dificuldades de integração foram maiores e onde as reivindicações históricas e nacionais do povo sérvio e albanês sobre a província deram origem a uma guerra civil dentro da Europa;
Em ambos os casos, tanto dos movimentos migratórios como das minorias nacionais, o sentimento de exclusão é comum e muitas vezes as políticas falham porque trabalham numa base meramente política sem fazerem uma análise essencialmente cultural destas populações e acabam por perpetuar a exclusão e o sentimento de revolta.
Um espaço multicultural é um espaço físico (país, região e até mesmo um local de trabalho, uma escola,…) onde diferentes culturas coexistem e interagem. Mas só isto não chega….
Porque é necessária mais do que uma co-existência pacífica de diferentes comunidades num espaço multicultural, tem de se falar também da interculturalidade. Muito mais do que a simples aceitação do “outro”, a verdadeira tolerância numa sociedade multicultural propõe o acolhimento do outro e a transformação de ambos com esse encontro. Uma cultura não evolui se não for através do contacto com outras culturas. Não há culturas melhores nem piores: se aceitarmos este princípio então, consideraremos que todas as culturas são igualmente dignas e merecedoras de respeito.
Esta interacção permite às minorias étnicas a oportunidade de expressar e de manter elementos distintivos da sua cultura, especialmente língua e religião, acreditando que indivíduos e grupos podem estar plenamente integrados numa sociedade sem perderem a sua especificidade e sem a maioria se sentir agredida na sua identidade. O risco encontra-se no monoculturalismo que impõe e “julga o outro” de forma unilateral e que rapidamente se transforma em “indiferença em relação ao outro”. Entre uma coisa e outra está a “missão intercultural” que aposta na relação “dar e receber” como único caminho para uma relação saudável entre os povos.
E aqui a escola tem um papel primordial na abordagem ao multiculturalismo: é sua obrigação educar para a tolerância, para a aceitação da diferença, para o desenvolvimento, para a convivência na diversidade e para a construção da solidariedade.
Há que repensar o papel da sociedade em geral neste contexto económico, social e político mais complexo, atravessado por desigualdades e exclusões dos mais variados tipos, nomeadamente as que se relacionam com a identidade e a diversidade. Deve-se falar da educação para os valores, para a paz, para a cidadania, para os direitos humanos e igualdade de oportunidades, para a tolerância e convivência, da educação anti-racista e anti-xenófoba, etc… É fundamental trabalhar os aspectos afectivos e emocionais dos educandos, para que a ideia do “outro”, do culturalmente “diferente” não seja associada às ideias de ameaça, perigo ou risco.
Cabe a cada um de nós, enquanto cidadãos, acrescentar algo a isto da tolerância, do respeito pelo outro, da partilha do espaço,… É importante que se reflicta e se adopte um comportamento socialmente responsável porque afinal o mundo é de todos e todos interagimos nele.

12 fevereiro 2007

China perdoa a dívida pública moçambicana

O Presidente chinês, Hu Jintao, anunciou na última semana a anulação da dívida pública moçambicana de cerca de 20 milhões de dólares americanos devida à China entre 1980 e 2005. Hu, que efectuou uma visita de 24 horas a Moçambique, no quadro duma digressão por oito países africanos, fez este anúncio após encontros oficiais com o seu homólogo moçambicano, Armando Guebuza.
O Presidente chinês anunciou igualmente que o número de produtos de exportação moçambicanos que podem entrar na China com isenção de taxas passou de 190 para 442. Contudo, uma lista destes produtos ainda não está disponível. As trocas entre a China e Moçambique aumentam rapidamente. Hu indicou que elas se estimam em 200 milhões de dólares americanos por ano, seis vezes mais do que em 2001.
Na presença de Guebuza e Hu, oficiais chineses assinaram acordos de empréstimos com os seus homólogos moçambicanos. O mais importante deles é um empréstimo em condições preferenciais do Governo chinês de um bilião e 200 milhões de yuans (cerca de 155 milhões de dólares americanos). As taxas de juro e os termos do reembolso não foram precisados, mas sabe-se que 40 milhões de dólares americanos suplementares do banco "China Eximbank" serão investidos nas infraestruturas públicas moçambicanas. O Governo chinês concedeu igualmente a Moçambique um empréstimo sem juros de 15 milhões de dólares americanos para a construção dum novo estádio nacional. As autoridades moçambicanas têm a intenção de terminar a construção deste estádio até 2010 para aproveitar as vantagens do Campeonato do Mundo de futebol que será organizado na vizinha África do Sul. Hu prometeu igualmente o apoio da China para a construção dum centro piloto sobre as técnicas agrícolas na província de Nampula (norte).
Estes acordos, de acordo com ele, entram no quadro da aplicação das decisões tomadas no Fórum sobre a Cooperação China-África que decorreu em Beijing em Novembro passado. Durante este fórum, Hu prometeu duplicar a ajuda chinesa à África até 2009 e cancelar as dívidas dos Países Menos Avançados (PMA) com maturidade em finais do ano 2005 (excepto alguns países que não têm relações diplomáticas com a China por terem preferido reconhecer Taiwan). A série de medidas anunciada em Dezembro compreendia igualmente um aumento importante dos produtos africanos que podem entrar no mercado chinês sem pagar direitos aduaneiros, um acordo de três biliões de dólares americanos de empréstimos em condições preferenciais e de dois biliões de dólares americanos de crédito preferencial em África entre 2007 e 2009.
Após a assinatura dos documentos, o Presidente moçambicano disse que "estamos certos que estes acordos não vão responder a todos os desafios colocados pela luta contra a pobreza, mas são preciosos neste sentido que completam os esforços do povo moçambicano".

Fonte: www.panapress.com

09 fevereiro 2007

Já a pensar em férias?

As Nações Unidas criaram o “YouTourist” para ajudar os países mais pobres. A “YouTourist” apresenta-se como uma rede de turismo social online enquadrada dentro das metas traçadas pelos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

O projecto insere-se na
Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas, e pretende despertar as consciências dos viajantes disponibilizando uma plataforma na Internet para troca de informação. São ainda estabelecidas linhas orientadoras para governos, operadores turísticos, agências de viagens e para os próprios viajantes permitindo através da plataforma o contacto entre eles.

O projecto foi construído em parceria com a Microsoft orientado pela perspectiva de utilizar a tecnologia como alavanca para desenvolver o potencial turístico em países em desenvolvimento, sobretudo na região africana, que actualmente representa apenas quatro por cento do turismo mundial.

Fonte:
Sol, 3 de Fevereiro de 2007

08 fevereiro 2007

Situação Mundial da Infância 2007, Relatório da UNICEF

Anualmente, a UNICEF inclui no “Relatório Sobre a Situação Mundial da Infância” estimativas sobre a mortalidade (taxa de mortalidade de bebés, taxa de mortalidade de menores de 5 anos, taxa de mortalidade de menores de 5 anos e, a partir deste ano, taxa de mortalidade neonatal) para no mínimo dois anos de referência.

Estas estimativas e todos os dados recolhidos até à elaboração do relatório são resultado do trabalho do Grupo de Interagências para Estimativas Sobre Mortalidade, que inclui várias agências: UNICEF, Organização Mundial de Saúde, Banco Mundial e Fundo das Nações Unidas para a População. Este grupo tem como principal objectivo actualizar anualmente as estimativas, bem como a introdução de novos dados.

Em 2007, na tabela referente à saúde, mais especificamente nos indicadores de saúde infantil, o Relatório, apresenta três importantes inovações: água limpa de melhor qualidade e condições de saneamento (passou a incluir as estimativas do Programa Conjunto da OMS/UNICEF para o Acompanhamento do Fornecimento da Água e Saneamento), a imunização (passou a incluir estimativas de cobertura, especificamente para Hepatite B) e introdução de “Suspeita de Pneumonia” que passou a ser utilizada no lugar de “infecções respiratórias”.

Os dados estatísticos deste relatório estão compilados em várias tabelas que, por sua vez, estão divididas por temas: Indicadores Básicos, Nutrição, Saúde, VIH/SIDA, Educação, Indicadores Demográficos, Indicadores Económicos, Mulheres, Protecção à Criança e Taxas de Progresso.

Analisado a tabela referente às taxas de mortalidade de crianças menores de 5 anos, a situação relativamente aos PLOP é, no mínimo, preocupante: Angola ocupa a 2.ª posição, depois surge a Guiné-Bissau na 12.ª posição, Moçambique na 24.ª, São Tomé e Príncipe na 41.ª, Timor-Leste na 68.ª, Cabo-Verde e Brasil encontram-se na 85.ª e 86ª posição respectivamente. Portugal encontra-se na 168.ª posição em simultâneo com mais 13 países. No primeiro lugar desta lista encontra-se a Serra Leoa.

05 fevereiro 2007

OGM – Organismo Geneticamente Modificados

Os seres vivos transmitem as suas características à geração seguinte através dos cromossomas, que permitem o processamento da informação que passa entre gerações. Cada cromossoma é constituído por genes que, consoante o arranjo molecular do ADN (Ácido Desoxirribonucleico), comandam a expressão de determinada proteína, que pode inibir ou activar um determinado comportamento nas células. Os organismos transgénicos viram a sua informação genética inicial alterada, através da inserção de um gene específico proveniente de outra espécie no seu património genético.

Foi no campo da medicina que se iniciou a transferência de genes entre diferentes espécies. Na duas últimas décadas essa transferência deu-se também nas plantas para consumo humano, originando alimentos geneticamente modificados. Desde então, as discussões a favor e contra os organismos geneticamente modificados (OGM) têm estado ao rubro. De um lado agricultores e geneticistas, de outro associações ambientalistas e público em geral. Mais do que tomar um ou outro partido importa não esquecer que a transferência de genes nas plantas é um processo ainda muito recente e que alguma precaução deve ser tomada aquando da sua utilização. Em várias ocasiões na história da humanidade, o uso de substâncias, cujos efeitos secundários se desconheciam, trouxe consequências nefastas ao ambiente e aos cidadãos, como foi o caso do DDT nos anos 60. Com o clima de medo instalado na opinião pública europeia devido à doença das vacas loucas e à desconfiança nas instituições governamentais, só uma informação isenta e baseada em factos científicos poderá levar um cidadão informado a fazer a sua escolha, partindo do princípio que a rotulagem dos alimentos torna essa escolha possível. É que um OGM não apresenta nenhuma característica fenotípica (externa) específica, podendo o consumidor estar a “comer gato por lebre”.

O uso de transgénicos na agricultura passa pela:
a) introdução nas plantas de genes de bactérias indutores da produção de substâncias com poderes insecticidas, tornando-as produtoras dessas toxinas. É o caso das plantas Bt, nas quais é introduzido um gene da bactéria Bacillus thuriengiensis. Sendo um dado adquirido a capacidade de adaptação dos organismos, prevê-se para um futuro próximo a aquisição de resistência por parte de algumas espécies de Leptidópteros (borboletas) a estas toxinas. Estudos recentes têm chegado a resultados contraditórios sobre a possibilidade de outros organismos poderem ser inadvertidamente atingidos por estas substâncias. Por exemplo, após um estudo que demonstrava que o pólen de milho transgénico poderia matar as larvas da borboleta monarca, novos trabalhos mostram que as concentrações de pólen nas folhas do milho transgénico, principal fonte de alimento das larvas, são muito baixas para causarem danos.
b) introdução de genes de bactérias que induzem resistência a certos herbicidas, permitindo a pulverização, sem causar a morte. O problema da resistência dos insectos mantem-se e há o perigo de haver transferência de genes entre a planta e as ervas daninhas, tornando estas últimas resistentes ao herbicida.
Um dos argumentos mais nobres usado pelos defensores dos OGM é a necessidade cada vez maior de alimento para uma população em crescimento. Em algumas regiões do planeta, as alterações climatéricas e/ou as situações de conflito têm prejudicado as colheitas agrícolas. A obtenção de cultivares mais robustas, adaptadas a condições mais adversas (falta de água e de nutrientes), só poderá ser benéfica para estas populações. Também a resistência a certos herbicidas, necessários para combater pragas, seria uma condição vantajosa. A selecção de determinadas variedades melhoradas de cereais tem sido orientada neste sentido. Os OGM prometem uma maior produção e espécies mais resistentes. Com o uso de menos fertilizantes e pesticidas o ambiente sairá beneficiado.

Os seus detractores argumentam, no entanto, que não só os OGM não vão permitir aumentar a produção agrícola, como a sua resistência aos herbicidas vai generalizar o uso massivo destes ao longo de todo o ciclo de vida da planta, aumentando os impactos negativos no ambiente e nas populações. Para além disso, os elevados investimentos em tecnologia e factores de produção vão beneficiar os maiores agricultores, em detrimento dos mais pobres, e torná-los dependentes em relação às grandes empresas do sector, como a Monsanto, a Novartis e a Duponte. Actualmente, os agricultores que optam pela compra de sementes transgénicas na Monsanto têm que comprar os herbicidas da empresa e são obrigados anualmente à compra das sementes. Mas se é certo que as grandes empresas do ramo não vão dar as suas descobertas ao desbarato, a sua cooperação com instituições governamentais ou outras pode trazer benefícios para os países mais pobres. Outros dos receios do uso de OGM são: as implicações ao nível da composição florística do solo; as interacções com outras espécies (possibilidade das ervas daninhas tornarem-se resistentes a certos herbicidas, por transferência dos genes das plantas transgénicas); a passagem dos genes através da cadeia alimentar para outras espécies, com consequências imprevisíveis; a persistência das toxinas no solo; o perigo de contaminação dos lençóis freáticos; o risco de desenvolvimento de novas viroses em plantas, por interacções com os genes modificados e o aumento do número de alimentos que provocam reacções alérgicas nos humanos. No entanto, para quase todos estes argumentos, existem outros estudos que provam o contrário. Assim, uma maior pesquisa por parte de organismos isentos e credíveis é necessária para esclarecer os perigos e os benefícios dos OGM.

No interior da União Europeia (UE) as opiniões dividem-se, embora as suas posições sejam bastante mais cautelosas do que as dos Estados Unidos da América. Assim, a UE considera a rotulagem de todos os produtos OGM prioritária, de modo a que os consumidores saibam à partida o que estão a comprar. Esta posição é claramente contrária à dos EUA, maior produtor de OGM, que considera que tal não é necessário.

No interior da UE, a França e o Reino Unido têm as posições mais negativas em relação ao cultivo e produção de OGM, uma vez que os consumidores destes países receiam os efeitos imprevisíveis desses produtos em termos de saúde pública e de meio ambiente. Pretendem que se legisle no sentido de responsabilizar os produtores dos OGM de eventuais danos sobre o meio ambiente. Na Holanda e na Bélgica as posições são menos veementes, mas também aqui as preocupações com a saúde pública e com o ambiente fazem-se sentir. Prevê-se, então, que a nova legislação a aprovar irá provavelmente de encontro ao desejo dos consumidores europeus, no sentido de tornar obrigatória a inclusão nos produtos geneticamente modificados de rotulagem pormenorizada, com indicação da origem geográfica do produto, da data limite das autorizações e da necessidade de mais investigação sobre o assunto.

Em Maio de 2000 entraram em vigor dois novos regulamentos comunitários, que estabelecem a obrigatoriedade de ser referido no rótulo, pelo fabricante, se o alimento contém pelo menos um por cento de OGM. Esta obrigatoriedade estende-se aos alimentos que contenham aditivos e aromas alimentares fabricados a partir de OGM

Actualmente a UE autoriza o cultivo e comercialização de 18 produtos geneticamente modificados, como é o caso de algumas variedades de milho e soja. No entanto, desde a moratória acordada em 1999, pelos países da UE, proibindo a introdução de novos OGM, que mais nenhum produto foi licenciado.
Para garantir uma maior transparência nas transacções comerciais de organismos transgénicos entre Estados, foi assinado por 133 países, em Janeiro de 2000, o Protocolo sobre Biosegurança. Este acordo consagra o princípio da precaução, permitindo aos países recusar a importação dos transgénicos (desde a semente até ao produto final) considerados perigosos para o ambiente ou saúde, mesmo sem haver certezas científicas sobre a sua nocividade. Determina, também, que todos os estados importadores sejam informados pelos países exportadores da natureza dos produtos comercializados.

E em Portugal qual é a situação? Infelizmente, pouco se sabe sobre a produção e comercialização de OGM. Existem vários locais do país com campos experimentais de diferentes variedades de milho geneticamente alterado e no ano de 1999 duas variedades de milho transgénico foram licenciadas. Comissões encarregues de estudar os efeitos dos OGM e mecanismos de controlo são pouco conhecidos ou inexistentes. Recentemente o Secretário de Estado da Saúde afirmou que a questão ainda não tem um plano definido, mas que “vai ser estudada dentro em breve”. Entretanto, os produtos geneticamente alterados continuam a circular livremente em Portugal, sem que haja qualquer indicação ao consumidor do que os alimentos contêm. Para os leitores que pretendam aprofundar o conhecimento desta matéria sugere-se a consulta de
www.biotech-info.net/policy.html, onde podem ser encontrados artigos dos mais conceituados cientistas a trabalhar nesta área, em todo o mundo.

Fonte: Cristina Pereira – Naturlink –
www.naturlink.pt

03 fevereiro 2007

"Diamante de Sangue", comentado por Benta Ferrero-Waldner, Comissária Europeia para as Relações Externas

O filme Diamante de Sangue será provavelmente a primeira ocasião em que muitos espectadores serão confrontados com a relação que existe entre esta pedra preciosa, símbolo de luxo, e a violência dramática que existe em algumas regiões do mundo.

Esta é a questão tratada no filme e é também o motivo pelo qual, em 2003, a comunidade internacional instituiu o
Processo de Kimberley, que consiste num processo de certificação que atesta a proveniência legítima dos diamantes. O filme passa-se na Serra Leoa em 1999, durante uma das mais brutais guerras civis em África, e mostra os horrores causados pelo tráfico ilícito de diamantes violência, destruição, rapto de jovens e crianças, que são drogados e transformados em assassinos.

O Processo de Kimberley destina-se a impedir que os diamantes de guerra entrem no comércio internacional legítimo de diamantes. Os 71 países membros comprometeram-se a controlar a respectiva produção e comercialização de diamantes. O cumprimento das obrigações é verificado através de visitas de inspecção no terreno e através da análise dos relatórios anuais e das estatísticas de produção e de comércio. Se um país não cumprir, pode ser excluído do programa e impedido, a partir dessa altura, de vender diamantes no mercado internacional.

O Processo Kiberley tem tido sucesso? Actualmente, a Serra Leoa está a viver em paz, como acontece com a maior parte dos países que tiveram guerras financiadas em parte pelo tráfico de diamantes: Angola, Libéria e República Democrática do Congo (RDC). Obviamente, na maior parte destes casos, a situação ainda é frágil e não devemos cometer o erro de desviar o nosso interesse só porque as armas já se calaram. O Processo de Kimberley permite que esses países possam agora utilizar o potencial de riqueza natural que representam os diamantes para contribuir para a paz e a prosperidade. Actualmente, o único caso de forças rebeldes a controlar a produção de diamantes é na Costa do Marfim.

É óbvio que os diamantes não são o único recurso a atear os conflitos. A UE já começou a pôr em prática um plano de acção, com uma lógica similar à do Processo de Kimberley, para tratar as questões relacionadas com a exploração de madeiras exóticas.

Como deve então agir uma pessoa que queira dar um presente especial ou adquiri um anel de noivado? Os consumidores podem e devem fazer perguntas antes de adquirir jóias com diamantes, exigindo informações detalhadas acerca da cadeia e fornecimento dos diamantes e um comprovativo da sua origem não relacionada com guerras.

[Excertos do artigo A importância do Processo de Kimberley publicado na Revista Actual (Expresso), em 27/01/2007]

Alterações ao Acordo de Cotonu

O Acordo de Cotonu tem como principais objectivos a redução da pobreza, a promoção do desenvolvimento social e cultural, a paz, a segurança, a estabilidade política e a integração dos Estados de África, Caraíbas e Pacífico (ACP) na economia mundial.

Este Acordo foi assinado em Junho de 2000, no Benim, e foi alvo de uma revisão em 2005 que teve como finalidade reforçar a dimensão política, assegurar uma nova flexibilidade e conceder mais responsabilidades aos Estados ACP.

A parceria baseia-se em cinco pilares interdependentes: dimensão política global (através do diálogo político, de políticas de consolidação da paz, de prevenção e resolução de conflitos, respeito pelos direitos humanos, princípios democráticos assentes no Estado de Direito e uma governação transparente e responsável), promoção de abordagens participativas (incentivo à participação da sociedade civil e outros actores cruciais no processo de desenvolvimento), estratégias de desenvolvimento e concentração no objectivo de redução da pobreza (desenvolvimento económico, social e humano, integração e cooperação regional), estabelecimento de um novo quadro de cooperação económica e comercial (novos acordo comerciais) e reforma da cooperação financeira (racionalização dos instrumentos da cooperação, reforma do sistema de programação, recursos financeiros,…).

Fonte:
Portal da UE

Mutações e (in)adaptações ambientais

Durante o século XX, a temperatura da superfície da Terra aumentou, em média, 0,6ºC. As emissões de gases estufa, incluindo dióxido de carbono, aumentaram devido ao uso de combustíveis fósseis usados nos transportes e em energia, mas, também, devido à desflorestação para fins relacionados com a agricultura.

Se as alterações climatéricas continuarem neste ritmo, a diferença de temperatura entre 1990 e o fim do século XXI, será de 1,4º a 5,8ºC. A título de comparação, quando a terra ultrapassou a fase do gelo, há 14.000 anos atrás, a diferença de temperaturas rondou os 4º a 5ºC. Uma mudança tão rápida no clima será demasiado forte para algumas espécies do ecossistema e conduzir mais espécies à extinção.

Paralelamente, também os seres humanos sofrerão as consequências, nomeadamente, ao nível da saúde, dos recursos hidráulicos, do aumento do nível do mar… A capacidade de adaptação será menor, aumentando os níveis de stress económico, social e climático.

Fonte:
Atmosphere, Climate & Environment

73% dos adultos portugueses nunca fizeram o teste do VIH/SIDA

Um estudo desenvolvido pela Coordenação Nacional para a Infecção VIH/SIDA e pela APIFARMA (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica) revela que apesar de um reconhecimento do VIH/SIDA enquanto problema de saúde pública (89,5%), a maioria da população portuguesa nunca realizou provas para a detecção da infecção pelo VIH. Apenas 26,5% dos inquiridos referem já ter feito o teste do VIH/SIDA, sendo que destes 47% o fez por iniciativa própria.

Numa acção de esforço para alterar esta realidade, e criar rotinas de rastreio, a APIFARMA e a Coordenação Nacional para a Infecção VIH/SIDA – Alto Comissariado da Saúde, acabam de assinar um protocolo de cooperação do qual irá resultar uma campanha de sensibilização no âmbito do diagnóstico da infecção VIH/SIDA.

O estudo teve como principal objectivo avaliar a percepção dos portugueses em relação ao VIH/SIDA, o grau de preocupação com o problema, formas de transmissão, reconhecimento do risco inerente e conhecimento das plataformas de apoio e informação sobre o vírus. A generalidade dos inquiridos (89,5%) demonstra reconhecer a infecção VIH/SIDA enquanto um real problema de saúde pública e 85,1% afirma preocupar-se de facto muito com este problema.

O posicionamento dos inquiridos face à realização do teste do VIH/SIDA reflecte-se ainda no que respeita a quem deve realizar o diagnóstico. 47,3% da amostra considera que toda a população deveria fazer o teste, sendo que os restantes inquiridos consideram que devem ser apenas os toxicodependentes e a população mais vulnerável a realizá-lo. O estudo levado a cabo pela Marktest analisou ainda o conhecimento dos inquiridos face aos Centros de Aconselhamento e Detecção Precoce do VIH/SIDA (CADs), verificando um crescimento do número de pessoas que estão informadas sobre estes locais, face a 2005 (57,7% em 2005 e 61% em 2006).

Para Henrique Barros, Coordenador Nacional para a Infecção VIH/SIDA, “a criação de uma rotina de diagnóstico na população, além de constituir uma acção preventiva à transmissão do vírus, permite também tratar mais cedo, conseguindo-se assim maior qualidade e esperança de vida nas pessoas VIH positivas, bem como obter um conhecimento epidemiológico da doença mais próximo da realidade”.

97,5% da amostra refere ainda as relações sexuais desprotegidas como a principal forma de transmissão do VIH, destacando-se o facto de ainda existirem preconceitos face à forma de contágio, tendo 5% indicado o aperto de mão e o abraço como uma forma de transmissão.

A SIDA, provocada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), entra no organismo através do contacto sexual desprotegido com uma pessoa infectada, contactos sanguíneos, e da mãe infectada para o filho, apesar desta última forma de transmissão poder ser evitada mediante diagnóstico e tratamento precoce. Ao entrar no organismo o VIH ataca o sistema imunológico, tornando a pessoa infectada (seropositiva) permeável a outras doenças, as chamadas infecções oportunistas.

Fonte:
Coordenação Nacional da Infecção VIH/SIDA

Grávida? Imigrante? Ilegal?

Assim que uma mulher pense estar grávida deve consultar o seu Médico de Família, no seu Centro de Saúde, onde lhe deve ser proporcionada uma consulta de saúde materna, que lhe permita o acompanhamento da gravidez e a preparação para o parto.

Mas… e se estivermos a falar de uma grávida imigrante em Portugal? E se, para complicar, essa cidadã imigrante ainda não estiver com a sua situação regularizada em Portugal?

Qualquer cidadão tem o direito à saúde e o dever de a proteger. Assim, um imigrante que se encontre em território nacional e que precise de qualquer tipo de cuidados de saúde, tem o direito a ser assistido num Centro de Saúde ou num Hospital sem que esses serviços o possam recusar com base em quaisquer razões ligadas a nacionalidade, falta de meios económicos, falta de legalização ou outra. A Constituição da República Portuguesa estabelece que todos os cidadãos - mesmo estrangeiros - têm direito à prestação de cuidados globais de saúde e por essa razão, todos os meios de saúde existentes devem ser disponibilizados na exacta medida das necessidades de cada um e independentemente das suas condições económicas, sociais e culturais. De uma forma mais específica, esse direito está regulado no Despacho do Ministério da Saúde n.º 25360/2001.

Para se recorrer às instituições e serviços integrados no Sistema Nacional de Saúde (SNS) é necessário ser titular do respectivo Cartão de Utente. Este documento é gratuito e pode ser adquirido num Centro de Saúde ou numa Loja do Cidadão. Para o obter, os estrangeiros possuidores de autorização de permanência ou de residência ou visto de trabalho devem exibir, perante os serviços de saúde da sua área de residência, o documento comprovativo de autorização de permanência ou de residência ou o visto de trabalho em território nacional. Os estrangeiros que não têm autorização de residência ou permanência ou visto de trabalho têm acesso aos serviços e estabelecimentos do SNS mediante a apresentação, junto dos serviços de saúde da sua área de residência, de documento comprovativo de que se encontram em Portugal há mais de noventa dias (atestado de residência), emitido pelas juntas de freguesia, nos termos do disposto no artigo 34.º, do Decreto-Lei n.º 135/99, de 22 de Abril. Para este atestado de residência são precisas duas testemunhas, também residentes na área, que confirmem a informação - podem ser particulares pessoas conhecidas, vizinhos ou mesmo comerciantes, como o dono da pensão onde o estrangeiro reside ou os funcionários das lojas onde é cliente.

Aos estrangeiros que efectuem descontos para a Segurança Social o custo de acesso ao SNS é assegurado, nos termos gerais, em condições iguais aos cidadãos nacionais, ou seja, por cada consulta ou cuidado prestado, o utente deve pagar uma importância, chamada Taxa Moderadora. Aos cidadãos estrangeiros que não efectuem descontos para a Segurança Social poderão ser cobradas as despesas efectuadas, de acordo com as tabelas em vigor, exceptuando se alguém do seu agregado familiar efectuar os descontos, se se encontrar em situação de carência económica, se necessitar de prestação de cuidados de saúde ou se se encontrar numa situação que põe em perigo a Saúde Pública e em que os cuidados são gratuitos. Em qualquer dos casos, as mulheres grávidas e as mulheres no puerpério (período de 8 semanas após o parto) constituem um caso, entre outros, de isenção de taxa, sendo a assistência totalmente gratuita, pois considera-se a maternidade uma situação merecedora de prioridade no acesso incondicional ao Sistema de Saúde.

Fonte:
ACIME

Infernos para crianças

Todos os dias, milhares de crianças pegam em armas para ir para a guerra. Outras caminham quilómetros, em condições incrivelmente difíceis, à procura de água e comida. Algumas crianças fazem as duas coisas.

O site AlertNet pediu a 112 peritos em questões humanitárias e jornalistas para fazerem uma lista dos lugares mais perigosos do mundo para as crianças. O resultado atribuiu os desonrosos três primeiros lugares ao Sudão, ao Uganda e à República Democrática do Congo. O Sudão é destacadamente o mais perigoso. Mais de metade dos inquiridos indicou este país africano, com muitos lembrando a questão do Darfur: cerca de 1.8 milhões de crianças foram afectadas pelo conflito, de acordo com a UNICEF.

Se é verdade que os três piores lugares são em África, em sítios onde a guerra e a seca levaram à morte, à doença e a milhões de desalojados, nem todos estes infernos são marcados pelo conflito. A Índia ocupa o sexto lugar no ranking, graças à pobreza, à má nutrição e ao trabalho infantil. Ainda quanto à falta de condições para um desenvolvimento saudável das crianças, o Alto Comissário para os Refugiados, António Guterres, chamou a atenção para as consequências físicas e psicológicas de viver em campos de refugiados sobrelotados.

Depois dos três primeiros indesejados e bastante destacados lugares, por ordem decrescente, surge o Iraque, a Somália, a Índia, a Palestina, o Afeganistão, a Chechénia e Mianmar (a antiga Birmânia).

Fonte:
WarChild

A mulher remetida para os bastidores

Em todo o mundo, as mulheres são os elementos mais marginalizados pelo factor pobreza. Apesar de cuidarem da família e de estarem incumbidas de tratar das zonas de cultivo e de procurar lenha e armazenar água para a confecção dos alimentos, às mulheres não são, muitas vezes, reconhecidos direitos civis, políticos ou económicos.

Mais de 40 % das mulheres africanas não têm acesso a níveis básicos de escolaridade. Contudo, o caminho para a capacitação das mulheres não passa apenas pela questão da educação mas, também, pela saúde sexual e reprodutiva e pelo acesso a oportunidades económicas através do acesso a infraestruturas, direitos de propriedade e emprego.

O relatório Força-Tarefa, sobre Educação e Igualdade de Género do Projecto do Milénio das Nações Unidas faz parte de um plano de acção global para combater a pobreza, doenças e degradação ambiental em países em desenvolvimento. Este relatório, dirigido por Nancy Birsdsall, do Centro para o Desenvolvimento Global, Amina Ibrahim, do Ministérios da Educação da Nigéria e Geeta Rao Gupta, do Centro Internacional para a Pesquisa sobre a Mulher, identifica prioridades estratégicas que visam criar oportunidades para as mulheres, ao mesmo tempo que as protegerá de violência e abuso sexual.

Fonte:
Millennium Project (Brasil)

Programa "Brasil Alfabetizado"

Desde 2003 que o governo brasileiro promove o programa “Brasil Alfabetizado” para capacitar alfabetizadores e alfabetizar cidadãos a partir dos 15 anos que não tiveram acesso ou foram excluídos da escola antes de aprender a ler e escrever. Desta maneira, procura-se responder à alta taxa de analfabetismo no país.

Em 2006, por todo o país, cerca de 1.400.000 formandos (homens e mulheres) participaram no programa “Brasil Alfabetizado”. É nas zonas mais periféricas e rurais que vivem os mais de 16 milhões de cidadãos brasileiros analfabetos (dados de 2000).

O programa tem que ser adaptado a um público-alvo muito heterogéneo constituído por populações indígenas, bilingues e fronteiriças, populações do campo (agricultores familiares, assalariados, assentados, ribeirinhos, caiçaras, extractivistas e remanescentes de quilombos), pescadores artesanais e trabalhadores da pesca, pais de beneficiários do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), pessoas com necessidades educacionais especiais, população carcerária e jovens a cumprir medidas sócio-educativas.

Fonte: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Brasil)

Fome e pobreza: que evoluções?

A pobreza extrema continua a ser uma dura realidade para mais de 1 bilião de pessoas que vive com menos de 1 dólar por dia. Mais de 800 milhões de pessoas têm muito pouco para comer e para suprir o seu consumo diário de energia.

Apesar dos números assustadores, a redução da pobreza e da fome tem sido possível nalguns países. Na década de 90, o maior impacto na redução da fome e da pobreza ocorreu na Ásia - o desenvolvimento sustentável na China e o aceleramento da economia na Índia, dois dos países mais populosos do mundo, contribuíram para o declínio dos números da pobreza na Ásia.

Em África, os progressos não têm sido semelhantes: dos 30 países que obtiveram resultados ao nível da redução da fome, 14 são países da África sub-sahariana (a região mais devastada pela fome e má nutrição), mas, no entanto, ao nível da pobreza, a situação deteriorou-se devido à dificuldade em arranjar emprego, ao impacto do VIH/Sida nas camadas mais jovens da sociedade e à estagnação da agricultura.

Os esforços para superar a fome e a pobreza extrema são muitas vezes vencidos por desastres naturais e por conflitos, entrando-se num ciclo vicioso de responsabilidades e consequências.

02 fevereiro 2007

Projecto: Construção em terra em Moçambique

Miguel Mendes é um arquitecto português com especialização em arquitectura ecológica. Entre Maio e Setembro de 2006, colaborou com a APOIAR (Associação Portuguesa de Apoio à Africa), uma associação humanitária, sem fins lucrativos, num projecto de capacitação de mão-de-obra especializada no domínio da construção em terra crua e materiais locais e na formação de formadores em Mumemo, distrito de Marracuene, província de Maputo (Moçambique). O projecto foi desenvolvido num bairro de reassentamento dos desalojados pelas cheias de 2000. Os objectivos gerais foram a formação de formadores, que possam propagar esta técnica e gerar novos especialistas, a criação de oportunidades de emprego, para os desalojados, no ramo da construção civil, e a criação de soluções práticas, eficazes, viáveis e acessíveis para a construção de unidades de realojamento.

Oito Desafios ao Mundo (ODM): De entre os 8 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio em qual ou quais considera que se insere o seu projecto e porquê?

Miguel Mendes (MM): Objectivo 1, por criar oportunidades de trabalho que ajudarão à erradicação da pobreza extrema. Objectivo 7 (Meta 9), por se apoiar em práticas com uso de materiais e recursos locais e sustentáveis. Objectivo 7 (Meta 11), por apresentar propostas e soluções viáveis para a questão do alojamento e da criação de infra-estruturas. Objectivo 8 (Meta 16), por proporcionar alternativas na criação de postos de trabalho e no estímulo à iniciativa empresarial.

ODM: Na área geográfica onde desenvolve o seu projecto, que outros ODM considera mais urgente promover? Porquê?

MM: Objectivo 2, pela enorme carência existente ao nível da formação das populações e respectivas competências. Objectivo 6, pela situação gravíssima de propagação de doenças como a SIDA e a malária e as consequências trágicas na qualidade de vida dos que sofrem destas doenças.

ODM: Qual a aceitação da comunidade local ao projecto que desenvolveu?

MM: A princípio, cordial, tolerante, mas desconfiada. No final, entusiástica, convicta e motivada para a continuidade dos trabalhos desenvolvidos.

ODM: Quais os principais objectivos que alcançou com o seu projecto?

MM: A aceitação das técnicas apresentadas e ensinadas, a motivação dos formados em dar seguimento ao tema, a sensibilização generalizada para o tema desenvolvido, a aceitação, ao mais alto nível, das soluções e técnicas propostas e a criação de algumas oportunidades de continuidade e propagação dos ensinamentos desenvolvidos e o consequente prenúncio da solidez dessa continuidade.

ODM: Quais as principais dificuldades com que se depara?

MM: A ausência de estrutura básica na organização dos mais variados sectores da sociedade, a atitude semi-passiva da generalidade das pessoas e a fortíssima corrupção generalizada.

ODM: Que tipo de apoio é necessário à continuidade do seu projecto?

MM: Apoio financeiro, para poder dar o passo seguinte, com o qual tudo se tornaria autónomo.

ODM: Em que contacto, endereço ou website é possível saber mais sobre o seu projecto e o seu trabalho?

MM: Miguel Ferreira Mendes,
m.ferreira.mendes@sapo.pt Para descrição dos trabalhos: www.mumemo.blogspot.com

Apresentação de projectos: a prossecução dos ODM em concreto

Além de notícias sobre a situação dos ODM, pretendemos divulgar mensalmente projectos locais, que de uma forma directa ou indirecta, visam a promoção dos mesmos. Os oito objectivos apresentam-se como um plano de acção global e, definido o âmbito estratégico, são necessárias acções que os concretizem localmente. Os projectos que iremos divulgar traduzem importantes acções locais de grande compromisso com os ODM. Escolheremos projectos de diferentes áreas de actuação, diferentes regiões e promovidos por diferentes entidades (ONGs, entidades locais, universidades, etc.). Em comum, todos têm uma série de objectivos concretos e mensuráveis, mas acima de tudo, um elevado compromisso das pessoas e entidades que os promovem, o que se traduziu no sucesso das iniciativas. Todos os projectos serão apresentados de uma forma sintética e resumida e aos responsáveis ou coordenadores pelos mesmos serão feitas 7 perguntas. Estamos certos que associações (públicas ou privadas), empresas comprometidas com políticas de responsabilidade social, ou pessoas que pensem desenvolver trabalho voluntário, poderão ver nestes projectos alguma possibilidade de colaboração ou parceria, e dessa forma, no final, são apresentadas referências e contactos para mais informações.
No post seguinte apresentamos o primeiro projecto: construção em terra em Moçambique.

West Bank (Palestina): Refugiados protestam contra cortes na ajuda humanitária

A situação nos campos de refugiados palestinianos fica cada vez pior. Cortes sérios na ajuda humanitária, especialmente na área da educação, provocam protestos em todos os campos de refugiados no West Bank. 120 professores foram recentemente postos na rua em várias regiões do West Bank. Além disso, não há nem livros, nem salas suficientes para os alunos e a taxa de alunos por professor crescia cada vez mais.

Na área de saúde, os cortes foram também dramáticos. Agora, a esperança dos refugiados dirige-se ao apoio da UNRWA (United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East) em resolver os problemas e permitir um melhoramento a situação.

Os refugiados, especialmente aqueles que estão deslocados em campos, encontram-se numa posição particularmente vulnerável em termos de bem-estar físico e psicológico. Para além de alimentação e abrigo, refugiados e IDPs (Internal Displaced Persons) precisam de oportunidades de emprego e serviços de educação e saúde para assegurar as condições básicas de sobrevivência e segurança.

01 fevereiro 2007

Ambientalistas da Quercus, Greenpeace e WWF: Efeito prático do apagão de hoje pode ser “mais um problema que uma solução”

A Alliance pour la Planète (agrupamento de associações ambientais francesas) lança um apelo simples a todos os cidadãos: 5 minutos de repouso para o planeta. Pede-se a toda a gente que apague as luzes no dia 1 de Fevereiro (HOJE), entre as 19h55 e as 20h00 (entre as 18h55 e as 19h00, hora portuguesa). Esta iniciativa não pretende apenas economizar 5 minutos de electricidade neste dia, mas sim de chamar a atenção dos cidadãos, dos media e das instâncias de decisão para o esbanjamento de energia e para a urgência de passar à acção. Hoje, no dia 1 de Fevereiro, sairá, em Paris, o novo relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas sob a égide das Nações Unidas.

No entanto, estes cinco minutos de apagão simbólico pode ser mais um problema que uma solução. No público de hoje, Francisco Ferreira, da Quercus, afirma que, em termos de efeitos práticos a medida pode “provocar algum desequilíbrio na rede eléctrica”, uma vez que, em termos de eficiência energética, a produção deve ser igual ao consumo: “Todo o sistema vai continuar a funcionar e durante cinco minutos isso vai ser ignorado, o que vai implicar desperdício de energia. Por isso esta medida é mais um problema do que uma solução.”

A Quercus, bem como a rede europeia de associações ambientalistas a que pertence, não adere hoje a esta iniciativa da Aliança para o Planeta. O mesmo foi decidido pela Greenpeace e pela WWF.